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Kleber FariasDesde o ultimo diario que escrevi, reviravoltas se deram no processo de montagem de Amadores: elenco que muda, pontos de vista ampliados, e uma assistência de direção que me é concedida pelo diretor Luiz Fernando, já que ele assumiu um dos papeis na trama.
Agora o processo possui um diretor e dois assistentes, Maira Monteiro e eu, que juntamente com o Diretor temos o papel de esmiuçar as entrelinhas, intenções e circunstâncias do texto, e leva-lo à materialização casado com a proposta de encenação e com o trabalho de ator.
Como tambem assumo a parte cenografica e de iluminação do espetáculo, olhar desse ponto de vista de diretor, mesmo que auxiliar, me traz respostas mais imediatas, o que me levou a “conclusão” da ideia do que seria o cenário. Mas nesta montanha russa que é o processo, tudo pode mudar.
Especificamente no tocante ao dia 1º de novembro, ensaiamos na parte da tarde, e esta começou com a chegada de um elemento de cena fundamental para a desenvoltura dos atores: a cama do guilherme! Não é uma cama de hospital propriamente dita, é uma especie de maca para tratamento estetico, mas caiu como uma luva! Estavam presentes: Maira Monteiro: Leonora/Assistente de Direção; Rony Hoffstatter: Guilherme; Igor Monteiro: Voz Elegante; Luiz Fernando: Diretor/ Valter; e eu Kleber Farias: Assistente de Direção/Cenografia/Iluminação
Cama no lugar, delimitação do espaço de cena feita, posicionamento dos atores. Vai!
Conseguimos grande exito com a cena da chegada de Leonora no quarto de guilherme, pois os atores já sabiam o que estavam fazendo antes da cena acontecer, eles eram os personagens, com todas as suas humanidades. lógico que muito falta ainda pra ser descoberto, mas muito já se alcançou com o trabalho de “identificação das circunstâncias” que estamos fazendo.
Na cena, conseguimos visualisar todo o quarto, com a cama, um sofá e uma janela, e neste universo incluimos duas personagens que pinceladamente deram vida ao ambiente. Conseguimos até fazer alguma marcação de cena!
Após este quadro do texto, fomos experimentar outro: O encontro de Valter e Leonora no saguão do hospital, um dos quadros mais longos e mais enigmaticos do texto.
O Fernando sentou ao lado da Maira e propôs uma leitura já com as devidas intenções, cabendo a mim dirigi-los. durante a leitura, em meio a vários questionamentos, acabamos por descobrir que esta cena possibilita milhões de interpretações e circunstâncias, e é um quadro onde a mesma cena se repete, sendo vista de pontos de vista diferentes.
Em nossa descoberta, Leonora e Valter vão do cinismo e ironia à pureza e inocência, em um jogo temporal e atemporal onde passado e presente se misturam e contam a mesma historia se confundindo com o ponto de vista do narrador onisciente e onipresente que é Valter.
Entre tantos questionamentos e descobertas, resolvemos encerrar os trabalhos, mas com a certesa de que aquilo iria nos perturbar o resto do dia... fiquei com dor de cabeça depois...
Como diz o Fernando: Cada enxadada uma minhoca!
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